segunda-feira, abril 19

Tempo

"O presente é a sombra que se move separando o ontem do amanhã. Nela repousa a esperança." (Frank Lloyd Wright)

Venho pensando muito nessa palavra: Tempo! Tentando desesperadamente achar algum na esperança de me reconectar comigo mesma...

terça-feira, março 2

Mattheus: Meu protegido, com prazer!



Foi com grande prazer que ouvi o pianista autríaco Mattheus tocar num festival de música em Recife há alguns anos. Organizado por Ana Altino, o Virtuosi, que acontece uma vez por ano, invarialvelmente deixa a todos extasiados pela qualidade de seus músicos e a beleza do espetáculo.
Numa das noites que visitei e vi Mattheus tocar pela primeira vez ,irremediavelmente me apaixonei por suas expressões ao piano. Eu poderia dizer que ele é mais um virtuoso no caminho, mas Mattheus tem um quê passional, quase sôfrego, inquietante. Suas performances são marcantes.
Trocamos algumas palavras ,ainda no Teatro de Santa Isabel, pouco depois da última peça que ele tocou, e não voltamos a ter contato ou a nos vermos durante os próximos três anos. Foi uma deliciosa surpresa pra mim ter tido novamente notícias dele, quando, quase sem querer, retomamos contato há alguns meses.
Porém, fiquei honrada e ainda mais surpresa quando uma idéia veio à tona entre eu e Mattheus: A de acessorá-lo no Brasil! Estamos caminhando para trazê-lo ao Brasil novamente. Como eu não havia feito isso antes, achei um pouco difícil procurar as pessoas certas para negociar e começar meu trabalho. Mas é só começar que a motivação toma conta, e daí não consigo mais parar; entusiasmada com a idéia que os pernambucanos terão novamente o prazer de ver suas performances. E mais tarde , o público de outros estados e regiões.
É possível ouvir Mattheus em seu próprio website. E conhecer um pouco do seu novo trabalho: "Homage to Classics", onde o pianista arriscou bravamente dar seu próprio molde a clássicos já bastante conhecidos. Acompanhei um pouco do trabalho deste novo álbum, e eu mesma fiz tradução,do Alemão para o Português, de parte de sua biografia que estará no encarte. Um pouco da história de Mattheus estará disponível no encarte em Inglês, Alemão e Português , já sentido-se mais próximo do Brasil, o pianista decidiu acrescentar parte de sua biografia na nossa língua.
"Homage to Classics" está fabuloso. Vale muito a pena conferir.

segunda-feira, março 1

A vida numa cela


Jean Paul Sartre já a mencionou muitas vezes. Tema de estudo de grandes filósofos, de mestres como Freud, a angústia é um sentimento que atravessa esse mundo tão antigo com a mesma força de um furacão. Ando me questionando : O que nos faz sentir angustiados e ansiosos? Será a falta de um olhar mais detalhado para nosso próprio interior? Ou as exigências do mundo? Será o medo de perder, de morrer, de ser abandonado, de não conseguir o que tanto se quer? Será a angústia o medo terrível do desamparo? E o vazio que ronda nossa casa ,o mundo ,as pessoas e nossos pensamentos quando estamos plenos desses sentimentos aterrorizadores? Ela certamente dá muito pano pra manga na hora de questionar seus porquês e mais que isso, uma saída de seu domínio. Os angustiados e ansiosos simplesmente não conseguem com muita facilidade arrancar do peito o medo. Não conseguem desacelerar a marcha e perceber o caminho com um senso mais tranquilo e apurado. Eles atropelam tudo. Nada conseguem fazer por inteiro, até o fim; pois lá estarão a angústia e a ansiedade sussurrando demoniacamente em seus ouvidos palavras sem nexo nenhum , e a primeira vontade, a mais forte, depois de ouvir tais palavras , é de interromper o trabalho e correr pra um mundo recluso, impenetrável, quase irreal, numa tentativa frustrante de dominar o medo. Mas não se domina. E esses sentimentos querem justamente isso, que fiquemos lá, reclusos e fechados, sob seus domínios...Enfrentar esse mundo que, de toda forma, é assustador mesmo, seria desafiar a ansiedade. Desafiá-la não é fácil, é, no mínimo, sacrificante.

sábado, fevereiro 27

My Funny Valentine



Depois de tantos anos escutando-a ,acho que somente hoje me dei conta da beleza da letra de "My Funny Valentine", de Rodgers e Hart, já interpretada por tantos nomes importantes da música. Hoje desejei ter escrito -a.

My funny valentine
Meu namorado engraçado
Sweet comic valentine
Doce,cômico namorado
You make me smile with my heart
Você me faz sorrir com meu coração
Your looks are laughable
Sua aparência é risível
Unphotographable
Infotografável
Is your figure less than Greek?
Seus traços não são gregos?
Is your mouth a little weak?
Sua boca é um pouco fraca?
When you open it to speak, are you smart?
Quando você abre-a para falar ,você é esperto?
But don't change your hair for me
Mas não mude um fio de cabelo para mim
Not if you care for me
Não o faça se você me amar
Stay, little valentine, stay!
Fique, namoradinho, fique!

Saudade: Palavra muito difícil de ser traduzida...







Hoje me bateu uma certa melancolia e comecei a pensar na minha cidade natal : Caruaru. Mas não parou por aí. Lembrei de quando era criança e aos fins-de-semana meu pai me levava as vezes pra passear com ele por algumas cidades do sertão. Muitas vezes ia visitar amigos, afinal ele nasceu numa região tomada também pela caatinga. Apesar de ter conseguido muita prosperidade em Caruaru, começando com uma lojinha pequena ,( a famosa A Fiel Casa das Balanças ,que depois tornou-se um grande prédio nos Guararapes, e posteriormente criou sua própria indústria), de ter experimentado de muita fartura e riqueza,frequentado os restaurantes mais caros, de ter conhecido outros países e não mais conhecer a fome; o meu pai era daqueles que nunca esquecia sua essência,de um homem que sofreu demais quando criança,nunca esqueceu do canto do Carcará e da Asa Branca,dos pés de Mandacaru,do rosto enrugado , maltratado pelo sol e a sola dos pés absolutamente enrigecida do homem sertanejo,da famosa bolacha mata-fome,do tareco...Ele sempre se gabava do que havia conseguido com o próprio suor, deleitava-se com prazer no luxo que a vida passou a oferecer, mas sempre teve nos olhos a lembrança de outros tempos.
Enquanto meus amigos estavam viajando para estudar ; para Inglaterra, Alemanha; ou passando férias na Disney ou mesmo na praia,eu estava conhecendo as paisagens que se seguem.Meu pai era realmente diferente.Eu odiei e amei essa diferença por longos anos. Não questiono o amor do meu pai por ele não ter sido igual a todos aqueles outros que eram convencionais às suas filhas; (Amor como "deve" ser : Atenção, cuidado, proteção, carinho, férias na praia, Ovo de Páscoa na Semana Santa e sorvete aos finais de semana) ; nem por não ter sido escolhida por ele e minha mãe pra viver normalmente sendo criada por eles. Eles eram peculiares. Embora essa peculiaridade tenha feito em mim feridas que sempre sangrarão.
Mas conhecer um pouco da gente que também está no meu sangue e ver de perto o peso que o sertanejo leva nos ombros é um legado do meu pai que guardo carinhosamente.

terça-feira, fevereiro 16

Fim de anos de reclusão




Eu ontem descobrindo o Carnaval de Recife depois de ter estado a vida toda reclusa durante esta época

segunda-feira, fevereiro 15

Paul Schwartz


Um dos artistas que mais me cativaram nos últimos tempos certamente é Paul Schwartz. Eu o consideraria um gênio levando em consideração os arranjos fascinantes que ele faz para alguns clássicos. A música dele torna-se irresistível,sedutora talvez. Fez um arranjo espetacular para Ave Maria e Lascia(tema de Luciana em Viver a Vida); que estão entre as minhas favoritas junto a Il Gioco,Vol de Nuit , Miserere e Quia Respexit.Vale a pena comentar também que é a primeira vez que escuto Let it be (outro com arranjo particular do músico) com tanta paixão. Não é por menos que ele lançou três álbuns com o título de State of Grace (I,II e III respectivamente). É o som certo para um estado de graça mesmo.